

Carlos Peninha
TUDO COMEÇA AGORA
A música deste 4º trabalho discográfico, que sucede a Tocar o Chão (2017), Ponto de Vista (2019) e Dispersos (2021), foi criada durante o período pandémico da Covid-19. A preparação de arranjos, ensaios e gravação decorreram em 2023!
Na sua essência esta composição é uma reflexão sobre a determinação da humanidade em superar a agressão da pandemia, bem como refletir sobre a agressão contínua que a natureza tem sofrido e que nos está a fazer chegar a um ponto sem retorno.
Esta edição de autor em CD foi possível graças ao Eixo Cultura, programa municipal de apoios à Cultura do Município de Viseu.
São 10 temas inéditos com composição musical de Carlos Peninha e arranjos de cordas criados por Manuel Maio. Este trabalho mistura a improvisação, a world music, e a música contemporânea, entre outras e variadas influências sonoras.
A gravação deste trabalho contou com quinteto base formado por:
Carlos Peninha – Guitarra elétrica; Rodrigo Neves – Saxofone alto e soprano; Luísa Vieira – Flauta transversal; Miguel Ângelo – Contrabaixo; e Leandro Leonet – Bateria.
Contou também com um ensemble de cordas, gravado por: Manuel Maio – Violino acústico e elétrico; Vincent Brunel – Viola de arco; e Miguel Ángel González – Violoncelo.
A edição gráfica e ilustração do CD é da autoria de Mariana Marques e a fotografia é de Luís Rito. Este trabalho contou também com o apoio técnico de Miro Carvalho.
A produção é de Carlos Peninha com co-produção artística de Manuel Maio e Miguel Ângelo.
A mistura e masterização foi realizada por Miguel Angelo no seu "Estudio Casa do Miguel" (CDM)
O Cd teve lançamento oficial com apresentação ao vivo em Viseu, em 17 de Fevereiro de 2024, no Mercado 2 de Maio.
Este CD está disponível desde início de setembro de 2023, para já só em formato físico, quem tiver interesse pode contactar o autor através das suas páginas de Instagram e Facebook. O CD está também publicado nas plataformas digitais globais.
Promo Clip
Apresentação do CD Tudo começa agora
Crítica de Hélder Bruno Martins
“Tudo começa agora”… para quem não o conhecia antes…
A qualidade das produções musicais nem sempre é acompanhada do mediatismo que lhes seria merecido. Exigido, até. Felizmente, apesar do pouco mediatismo que lhes é dedicado, não significa que as obras e os artistas que as criam e lhes dão corpo - compositores, intérpretes, produtores, técnicos - não sejam merecedores de reconhecimento e respeito por quem com elas contacta e as sabe ouvir. Apreciar, no verdadeiro sentido do conceito.
É este o caso de Carlos Peninha: um músico completo, pleno; compositor e guitarrista (aliás, multi-instrumentista) com um conhecimento vastíssimo que domina tecnicamente em qualquer corrente estética e sempre com excelentes recursos musicais que se adaptam e enriquecem (o tal “bom gosto”, sofisticado e sem imposições, com segurança e discrição: da música de raiz tradicional popular à música improvisada).
Todavia, não será forçado dizer que Carlos Peninha é habitante dos territórios do jazz, com influências de outras estéticas, ali no estado jazz fusão. Mas jazz. Jazz a sério e sério. É isso que nos proporciona uma vez mais no seu último álbum: “Tudo começa agora. Este 4.º trabalho de Carlos Peninha foi lançado em setembro de 2023, está disponível em CD e nas plataformas digitais, e apresenta 10 composições de sua autoria e orquestrações de cordas assinadas por Manuel Maio, que também integra o trio de cordas e colaborou na produção artística juntamente com Miguel Ângelo.
Em “Tudo começa agora” estamos perante uma obra musical de excelência, desde logo - música jazz que não fica minimamente atrás do que internacionalmente se tem produzido. Não farei comparações com outras obras ou outros artistas porque seria simplista, redutor e até questionável. Sabe-se que é da natureza humana associar o que se ouve ao que já se conhece, a esse universo musical pessoal que cada indivíduo foi construindo. Seria indutor e injusto, uma vez que Carlos Peninha tem, mais uma vez neste álbum, a sua assinatura, identificável e inconfundível.
O álbum desenvolve-se como uma suite de 10 temas belos, alguns arrojados, com passagens complexas e belas, bem estruturados e fluidos, sem excessos, exibicionismos ou ostentações. Peninha arrisca na fusão tímbrica com frases em uníssono onde entram violino, viola d’arco e violoncelo. A este respeito julgo que as orquestrações de Manuel Maio, também elas com passagens arrojadas e de muito bom gosto, estão muito bem construídas, bem definidas na intenção interpretativa, nos efeitos timbricos e nos registos, para além da seleção dos recursos e das ideias que vieram acrescentar qualidade musical e valor estéticos à obra.
Para apreciar este trabalho é preciso ter a sabedoria de ouvir e sentir com o espírito. Se for ouvido com as orelhas primárias da razão, então, são exigidos recursos técnicos, musicológicos, que permitam uma avaliação séria e rigorosa. É que é cada vez mais difícil alcançar um espaço dentro de uma música assumidamente tonal, melódica e, ainda assim, fazer novo e bom. Como faz Peninha. Uma música que soa simples e que está muitíssimo longe de ser simplista. Antes pelo contrário: afinal, estamos perante um álbum cuja música possui grande complexidade: harmónica, melódica, na própria estrutura e na organização dos temas, nas ambiências, mas também na dificuldade na execução e na interpretação.
Para além da composição e das orquestrações é crucial reconhecer a importância (óbvia) da banda, que está perfeitamente enquadrada e coesa, segura. Cada um dos músicos revela dominar o instrumento, a estética e, acima de tudo, a linguagem do compositor Carlos Peninha. E este aspeto é fulcral para a qualidade constatável no álbum.
Para além da composição e da direção geral do trabalho, Carlos Peninha apresenta-se na guitarra elétrica. Nos saxofones, Rodrigo Neves; na flauta transversal, Luísa Vieira; Miguel Ângelo no contrabaixo; Leandro Leonet na bateria; Manuel Maio no violino; Vincent Brunel viola d’arco e Ángel González no violoncelo. A edição gráfica e a ilustração são assinadas por Mariana Marques e a fotografia é de Luís Rito.
“Tudo começa agora”… mas só para quem ainda não conhecia a música de Carlos Peninha.
Hélder Bruno Martins
doutor em etnomusicologia
investigador, consultor, músico
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